Imagem: SegaQuando se fala sobre os RPGs memoráveis da década de 1990, é impossível não mencionar Phantasy Star IV: The End of the Millennium. Lançado em 1993 no Japão e em 1995 no Ocidente, o jogo teve um preço de lançamento que girava em torno de 100 dólares na América do Norte, o que torna seu sucesso comercial posterior ainda mais impressionante. Na verdade, essa obra quase não chegou ao Ocidente e foi precificada de forma elevada para desencorajar as vendas.
As declarações são de Victor Ireland, fundador da falida Working Designs, uma empresa que fez a localização de vários jogos japoneses para o mercado ocidental, incluindo Lunar, Popful Mail, Alundra, Dragon Force e outros. Em uma participação no podcast Retro Hangover, Ireland revelou que a Sega of America estava inicialmente relutante em publicar Phantasy Star IV nos Estados Unidos até que ele demonstrou interesse.
A razão pela qual Phantasy Star IV foi lançado nos EUA pela Sega se deve a mim. Inicialmente, o jogo não estava previsto para sair. Eles o rejeitaram e eu descobri isso porque estava em contato constante com a Sega do Japão. Eu disse: ‘meu Deus, eu definitivamente vou licenciar isso. Vamos fazer um cartucho.’ Eu não queria fazer cartuchos, pois é um custo alto no início, mas sabia que esse jogo teria grandes vendas.
Após isso, a Sega do Japão contatou a Sega dos EUA, já que havia uma relação conturbada entre elas. Eles questionaram: ‘Bem, se isso é tão ruim, por que a Working Designs está tão interessada em trazer este jogo para os EUA?’
Segundo Ireland, a Sega da América decidiu publicar o jogo por conta da pressão que ele exerceu para a licitação, mas deliberadamente estabeleceu um preço elevado para garantir que ele não fosse bem-sucedido comercialmente, confirmando assim sua posição diante da Sega do Japão.
A Sega dos EUA parecia disposta a aceitar o jogo, mas com a condição de que o preço fosse tão alto que ninguém o comprasse, provando, assim, que estavam certos ao desconsiderá-lo inicialmente. O departamento de relações públicas tentava justificar o preço com argumentos sobre o tamanho do ROM, mas não tinha relação com isso. Se tivéssemos feito, o preço teria sido 69 dólares, sem dúvida. E eles poderiam também ter feito isso, mas escolheram 100 dólares porque não queriam vendas.
Eles queriam que as vendas fossem baixas para que a Sega do Japão pensasse: ‘oh, a Sega dos EUA estava certa’. Porém, a surpresa foi que esgotaram rapidamente o estoque. O jogo foi um grande sucesso, mesmo a 100 dólares… e eu acabei fazendo alguns inimigos na Sega dos EUA.
Ireland destaca que, naquela época, a Sega da América era notoriamente contra os RPGs, uma postura que continuou até o final da era do Saturn, quando Bernie Stolar, ex-chefe da Sony, ingressou na empresa (Stolar, você pode lembrar, foi a pessoa que decidiu que não deveria haver RPGs no PlayStation). Você pode ouvir o episódio completo do podcast.