O lançamento da missão Crew-9 da SpaceX, que tinha como objetivo levar quatro astronautas à Estação Espacial Internacional, além de servir como um plano de contingência para a tripulação da problemática nave Starliner da Boeing, teve seu cronograma adiado, conforme comunicado pela Nasa na terça-feira (6).
A agência espacial dos Estados Unidos informou que esse adiamento “oferece mais tempo para que os responsáveis pela missão finalizem os preparativos para o retorno” do Starliner e sua equipe, de acordo com uma atualização oficial. Uma coletiva de imprensa sobre essa alteração será realizada pela Nasa na quarta-feira às 13h30 (horário de Brasília).
A breve declaração da Nasa é divulgada em meio a especulações sobre o destino da espaçonave Starliner, que ficou acoplada à estação espacial por cerca de sete semanas a mais do que o previsto, deixando seus dois tripulantes — os astronautas veteranos da Nasa Suni Williams e Butch Wilmore — em uma situação incerta a bordo do laboratório orbital.
Agora, a Nasa informou que a missão Crew-9 da SpaceX não será lançada antes de 24 de setembro.
No mês passado, a agência havia sugerido que a SpaceX poderia realizar o lançamento de sua missão Crew-9 já em 18 de agosto, logo após o retorno de Williams e Wilmore à Terra a bordo do Starliner.
A Boeing, por sua vez, comunicou em 25 de julho que seus engenheiros realizaram testes rigorosos em solo e identificaram a provável causa dos problemas enfrentados pelo Starliner durante a primeira fase de seu voo de teste tripulado em junho, que incluiu a falha abrupta de cinco propulsores e vazamentos de hélio. Essa fase de testes e investigação, segundo as autoridades, foi planejada para ajudar a Nasa a determinar se o Starliner estava apto a levar Williams e Wilmore de volta para casa.
No entanto, esses esforços agora parecem estar sem progresso. A Nasa já havia anunciado em 26 de julho que esperava iniciar uma “revisão de prontidão de voo” para o Starliner nos primeiros dias de agosto, mas esse processo de revisão ainda não teve início, segundo a Nasa.
O administrador da Nasa, Bill Nelson, será o responsável pela decisão final sobre quando e como Williams e Wilmore retornarão à Terra, conforme declarou Meira Bernstein, secretária de imprensa interina da agência.
“A segurança da tripulação continua sendo a prioridade máxima”, afirmou Bernstein.
Os representantes da SpaceX e da Boeing não participarão da coletiva de imprensa na quarta-feira, deixando aos oficiais da Nasa a responsabilidade de abordar o status incerto das missões — tanto da Crew-9 da SpaceX quanto do Teste de Voo Tripulado do Starliner da Boeing.
Futuro incerto do Starliner
A Nasa informou que o Starliner terá que retornar exclusivamente sob controle automático, mesmo que haja astronautas a bordo.
Ao longo da jornada até a estação espacial, a Boeing e a agência espacial haviam permitido que Williams e Wilmore assumissem o controle manualmente, mas engenheiros decidiram que essas operações manuais causaram tensão excessiva no sistema de propulsão.
“Algumas manobras realizadas manualmente aumentaram a carga nos propulsores”, explicou Steve Stich, gerente do programa de tripulação comercial da Nasa, em 25 de julho.
Apesar disso, a Boeing manteve sua postura, assegurando que está trabalhando para entender as falhas no sistema de propulsão do Starliner e que é confiante na segurança do veículo para trazer seus tripulantes de volta, conforme nota divulgada em 2 de agosto.
Williams e Wilmore chegaram à estação espacial em 6 de junho e permanecem lá há 62 dias, enquanto as equipes da missão realizam análises e testes para descobrir a origem dos problemas nos propulsores e vazamentos de hélio.
A Nasa considerou a possibilidade de a SpaceX realizar a operação de resgate e trazer os astronautas do Starliner de volta, mas deixou claro que essa não é a opção ideal.
“Existem várias boas razões para completar esta missão e garantir que Butch e Suni retornem no Starliner”, disse Stich durante a reunião de julho.
Mark Nappi, gerente do Programa de Tripulação Comercial da Boeing, também comentou: “Estou seguro de que temos um veículo confiável para trazer a tripulação de volta”.