É justo dizer que “Castlevania: Nocturne” da Netflix teve um desafio e tanto ao suceder a série original, escrita por Warren Ellis, que acabou de ser concluída. Em sua maioria, a nova produção se saiu bem, apresentando uma série de novos personagens (e alguns conhecidos) além de um cenário inédito: a Revolução Francesa.
Os showrunners Clive Bradley e Kevin Kolde conversaram com a Animation Magazine sobre a esperada segunda temporada de “Nocturne” e forneceram mais detalhes sobre o contexto histórico da série. “Rondo of Blood, o primeiro dos jogos que inspira a trama, se passa em 1792, no auge da Revolução Francesa”, diz Bradley ao comentar sobre o que diferencia “Nocturne” da série original, que se baseou em “Castlevania III” e “Castlevania: Symphony of the Night”. “Portanto, esse parecia um bom ponto de partida.”
“Rondo of Blood” foi lançado em 1993 exclusivamente no Japão para PC Engine CD-ROM. Apesar disso, é considerado uma das melhores entradas na franquia “Castlevania” e gerou uma sequência direta chamada “SotN”. O jogo fez sua estreia no Ocidente em 2007 no PSP, como parte de “Castlevania: The Dracula X Chronicles”, e também faz parte do pacote exclusivo para PlayStation, “Castlevania Requiem”.
Bradley complementa que os eventos históricos da época influenciaram a narrativa de “Nocturne” nas duas temporadas. “Contar uma história sobre a luta pela liberdade foi, de certa forma, o ponto de partida. A coisa mais radical que a Revolução Francesa fez foi abolir a escravidão várias décadas antes de ser abolida nos EUA. O motivo para isso foi que os escravos da colônia francesa de Saint-Domingue se levantaram e estavam em processo de derrubar o colonialismo, então eu queria contar essa história também. A ideia de ancorar a narrativa, tanto quanto possível, em um contexto histórico, mesmo sendo uma história sobre vampiros e monstros, foi parte do que tentamos fazer.”
Kolde acrescenta que o elenco de “Rondo of Blood” forneceu uma base sólida para a equipe. “Richter é um personagem muito diferente de Trevor. Richter tem 19 anos e nenhuma das experiências do mundo real que Trevor possui. Ele tem um começo traumático com sua mãe na América, mas depois disso, ele voltou para a França com Tera e Maria e teve uma vida protegida lá, lidando com vampiros ocasionalmente. Para ele, é uma história sobre compreender seu legado familiar e entender o que significa lutar por algo e acreditar nisso, então é uma jornada diferente para ele.”
Já tivemos um primeiro vislumbre de como será a segunda temporada de “Nocturne”, e seria necessário um grande erro para que ela não correspondesse à fama já consolidada da série animada “Castlevania” até agora. Mas, para Bradley, trabalhar com os personagens da Konami no mundo da animação parece ter sido uma experiência tremendamente libertadora.
“Contar a história em uma escala como essa, com a Revolução Francesa e todas as criaturas fantásticas, em live-action teria sido caro,” ele comenta. “Como escritor, você tem um espaço muito maior do que parece ser. O equivalente em live-action seria fora do comum. É muito divertido poder ter os limites tão amplos.”