A voz de Neil Newbon se tornou um dos nomes mais requisitados da indústria após sua impressionante atuação como Astarion em Baldur’s Gate 3, que foi um enorme sucesso. Contudo, ele não é um novato quando se trata de videogames, tendo contribuído com seu talento vocal em jogos como Resident Evil Village e Detroit: Become Human. Recentemente, Newbon compartilhou que é um gamer de longa data em uma entrevista na GINX TV no programa The Games That Made Me.
Durante uma conversa que durou cerca de uma hora, Newbon não apenas abordou sua carreira, mas também falou sobre seus jogos favoritos – revelando que sua iniciação no mundo dos games começou com o lendário ZX Spectrum:
“O ZX Spectrum foi a minha primeira experiência, nem lembro como consegui convencer minha família a me dar um. Acho que era uma forma de me manter ocupado, pois eu tinha muita energia, então era tipo ‘dê a ele isso e ele ficará ali'”.
Ele também menciona que criar seus próprios jogos era algo interessante: “Era necessário ler revistas para aprender. Você tinha que entender as instruções, como ‘linha 10, vá para 20, se isso vá para x’. Era uma linguagem básica que você precisava dominar para fazer um jogo e, então, jogá-lo. E claro, era tudo em fitas cassetes, levando 45 minutos para carregar um jogo. Era um verdadeiro investimento emocional. Se o jogo travasse, você pensava ‘Posso fazer isso de novo? Porque passei 45 minutos vendo aquilo carregar’.”
Ele comenta sobre as queixas atuais relacionadas a telas de carregamento: “As pessoas reclamando de telas de carregamento agora, ah cara, superem isso. A gente tinha que passar uma tarde inteira para jogar um jogo. Era uma verdadeira dedicação – e era apenas um jogo.”
Newbon recorda um momento frustrante jogando Zoids, que travou, resultando em um grito de desespero: “Eu tinha conseguido fazer algo que não conseguia antes, e então sentar com o peso emocional de ‘não só preciso carregar novamente, mas também jogar de novo exatamente…’. Era um pesadelo.”
Ele também menciona o trabalho de Julian Gollop nesse sistema como especialmente marcante: “Descobri seus jogos pela primeira vez no Rebelstar Raiders, que se tornou Rebelstar e depois Rebelstar II,” explica. Para ele, o fato de cada personagem que você controlava ter um nome era comovente: “Eles tinham nomes. Pareciam pequenos indivíduos. Em contraste com Manic Miner ou Chuckie Egg, isso era especial. Como criança, comecei a criar histórias sobre quem eram e o que significavam uns para os outros. Sabe, Kurt Levine gosta dessa pessoa e não gosta daquela. Jasper é meio insuportável, então, ninguém gosta do Jasper, coisas assim. Era fascinante, porque era um jogo estratégico simplificado, mas muito divertido, parecia um filme real, sabe, no ZX Spectrum com gráficos minúsculos.”
Recentemente, Newbon também deu voz ao Drácula na expansão de Castlevania de Vampire Survivors. Ele enfatiza que, na década de 80, os jogos eram muito menos indulgentes do que hoje: “Os jogos não eram fáceis. Não eram. É interessante ser um gamer mais velho, porque eu lembro que nada era explicado. Você tinha instruções básicas. The Great Escape no ZX Spectrum tinha um conjunto muito básico de IA para os comportamentos de todos os personagens, como os guardas alemães e os prisioneiros britânicos. Mas não havia explicação de como tudo funcionava junto. Você tinha que aprender o jogo. Eu realmente gosto disso. Gosto quando os jogos não oferecem muita informação. Eles simplesmente te soltam por aí, como os antigos MMORPGs. Era bem legal, porque você tinha que aprender ou perguntar a outras pessoas, esse tipo de coisa.”
Você pode conferir a entrevista completa, onde Newbon também discute Final Fantasy, Fallout e os jogos anteriores de Baldur’s Gate, em fontes disponíveis online.